Os sabores da cidade nos dias frios
07 Nov, 2016, By Sílvia
Sinto que os sabores da cidade do Porto não mudaram muito desde a minha infância, mas tal não significa que a cidade tenha ficada presa no tempo, muito pelo contrário. A cozinha tradicional do Porto é que logra manter os seus maravilhosos e originais sabores, mantendo-se fiel ao passado, mesmo no presente, complementando-o.
O outono cheira e sabe às castanhas assadas e vendidas nas ruas todas da cidade. Nesta época parece que o campo está a pagar uma visita à cidade, e as romãs, abóboras, diospiros, uvas, maçãs e laranjas podem ser provadas e compradas em qualquer ponto da cidade. A época do vinho por excelência, é no Outono que encontramos todos os agricultores, produtores e vendedores nas feiras, lá para mostrar os seus novos produtos. Pessoalmente, eu adoro a cozinha desta altura do ano: os novos vinhos frescos e todos os alimentos defumados dão-lhe um gosto muito especial, um sabor rural. E quando os primeiros aguaceiros caiem no solo, estes fazem o ar perfumar-se com o aquele incrível aroma a terra, fazendo com que tudo saiba ainda melhor.
À medida que o tempo esfria, torna-se cada vez mais apelativo comer todos os pratos mais pesados, saborosos e picantes que a minha avó costumava cozinhar para mim. Lembro-me dos sabores da batata, do feijão, do cominho e especialmente da carne de porco. Acho que não exagero quando digo que a gente da minha terra sabe apreciar verdadeiramente o sabor da carne de porco. Não admira que nos chamem de tripeiros …
E à medida que se vão acendendo as luzes de Natal, também os sabores de Natal invadem o Porto, trazendo consigo as minhas memórias de infância. Durante esta época tão especial, o açúcar, a canela, o queijo e o vinho do Porto dão a esta cidade um perfume especial. E nestes Invernos, apesar de as pessoas sentirem saudades do quente verão e de quererem guardar-se para as belas praias de Portugal, procurando não ganhar peso durante o Natal, no Porto isso é praticamente impossível. Em todas as ruas do centro há uma padaria, um café ou um supermercado, e em cada rua cheira como se houvesse lá um enorme banquete. Permanentemente! E ninguém resiste a entrar nestes convidativos e acolhedores espaços. Desde criança que sempre que penso no Natal, associo-o a esses cheiros a bolos, doces, nozes, e ao bacalhau e todos os tipos de charcutaria que dão sabor a esta minha cidade.
Parte da imagem mística de se tratar de uma cidade chuvosa e cinzenta vem deste inverno, quando está frio lá fora, mas as nossas mesas estão repletas de milhares de sabores e o calor dos fornos, das lareiras, das comidas, doçarias e bebidas quentes emanam de todas as casas e estabelecimentos nas ruas.
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